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O estudante do ensino médio quer mais

Kleber de Castro Colomarte*

Recente pesquisa, encomendada pelo movimento “Todos pela Educação”, comprovou a necessidade de envidar esforços para a implantação da nova Lei do Ensino Médio no Brasil, a Lei 13.415/17. O modelo atual de ensino vem sendo aplicado há muito tempo, porém o mundo está mudando, e de maneira muito rápida, portanto existe também a necessidade de que o modelo de ensino acompanhe essas mudanças.

Só para se ter uma ideia, entre as principais causas de abandono ou evasão escolar estão, principalmente, a necessidade de o jovem trabalhar; gravidez na adolescência; dificuldades no deslocamento ou transporte do jovem até a escola . Soma-se a isso o desinteresse do estudante devido a conteúdos repetitivos e sem vínculo com o cotidiano desse jovem. Esses fatores somados, segundo relatório do Banco Mundial, fazem com que 52% dos adolescentes entre 19 e 25 anos deixem de estudar, não se dediquem à escola ou estão atrasados em sua formação. Conforme a pesquisa um em cada quatro estudantes entre 15 e 17 anos abandonam os estudos anualmente, fazendo com que 11,2 mil jovens façam parte de uma triste realidade em que nem estudam nem trabalham, os chamados “nem-nem”.

A pesquisa revela ainda que 97% dos entrevistados gostariam que fossem ofertadas formações voltadas para o mercado de trabalho, sendo que 89% acham que deveriam poder escolher e aprofundar em certas áreas de conhecimento em seu seus estudos. Esses mesmos jovens, 80%, veem como alta a probabilidade de estudar em escolas com características do modelo de tempo integral.

"A prática profissional, através da atividade do estágio ou aprendizagem, é de fundamental importância para a formação e ingresso do jovem no mundo do trabalho".

Kleber Colomarte

Neste sentido verificamos que o Centro de Integração Empresa-Escola de Minas Gerais (CIEE/MG), que há mais de 40 anos atua na área da educação, tendo inserido e acompanhado mais de meio milhão de jovens no mercado de trabalho no Estado de Minas Gerais, através de seus programas de Estágio e Aprendizagem, tem dado a sua contribuição aos anseios desses jovens.

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o ensino básico, que vai do infantil ao médio, tem o objetivo de formar o jovem como pessoa oferecendo-lhe subsídios para seu projeto de vida. Com a implantação do Novo Ensino Médio, através das áreas de conhecimento da formação Geral Básica, que é comum a todos os estudantes: Linguagem e suas tecnologias; Matemática e suas tecnologias; Ciências da natureza e suas tecnologias; Ciências humanas e sociais aplicadas irão compor a base do conhecimento, que poderá ter até 1.800 horas distribuídas pelos três anos de formação do estudante.

Acrescenta-se ao novo currículo do ensino médio um mínimo de 1.200 horas distribuídas nos itinerários formativos sejam eles: Investigação Científica; Processos Criativos; Mediação e Intervenção Sociocultural; Empreendedorismo e até mesmo o Técnico Profissionalizante. Nesse ponto, cada rede estadual precisa se preparar e se organizar para oferecer aos estudantes as melhores opções que eles poderão escolher em sua formação.

A alguns Estados da federação já iniciaram o processo para implementação. Do Novo Ensino Médio. Em Minas Gerais, o CIEE/MG vem acompanhado o processo visando colaborar com governo mineiro e escolas para executar essa árdua tarefa, visto que é possível que as horas em que o estagiário ou o aprendiz esteja em suas atividades faça parte de um dos itinerários formativos do jovem se ele assim o escolher como trilha a seguir.

Muitas são as dificuldades a serem enfrentadas em nosso Estado, como a falta de infraestrutura da maioria das escolas para oferecer o ensino em tempo integral; formação e remuneração dos professores; tecnologias educacionais à disposição das escolas; alto índice de evasão escolar e até o ingresso dos estudantes do Ensino Médio no mercado de trabalho. Acrescenta-se ainda o grande abismo existente entre a qualidade de ensino proporcionado pelas escolas públicas e particulares. É notório que apenas uma pequena minoria da população brasileira tem condições de bancar uma escola particular para seus filhos. Assim, salvo raríssimas exceções, a escola pública padece das mazelas de governos.

O CIEE/MG, com mais de 40 anos de atuação no território mineiro nas áreas de educação e assistência social, entende que a nova legislação é boa para o jovem e o novo ensino médio e precisa ser implantado na sua totalidade em Minas. Por isso, coloca à disposição o seu corpo técnico para subsidiar escolas e governos nessa empreitada. É sempre bom lembrar que a prática profissional, através da atividade do estágio ou aprendizagem, é de fundamental importância para a formação e ingresso do jovem no mundo do trabalho.

* Superintendente-executivo do Centro de Integração Empresa-Escola de Minas Gerais (CIEE/MG)

Carga horária mínima

Anterior à BNCC

Novo Ensino Médio (BNCC)

  • 2.400 horas (em 3 anos)
  • 800 horas/ano
  • 4 horas diárias aproximadamente
  • 3.000 horas (em 3 anos)
  • 1.000 horas/ano
  • 5 horas diárias aprox

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